Tuesday, October 10, 2006

Verso Quarto

Levanta-se o silencio.

Navego, só, por entre um mar de gente.
Rostos opacos, olhos mortos. São vidas mundanas de gentes iguais.
Podera sentir-me o ponto de cor neste filme a preto e branco, onde apenas as folhas secas, presas num remoinho, parecem divertir-se.
Ainda monocromo, sinto vida.

Fecho os olhos, e o vazio já se viu mais longe.

Estranhamente, o inóspito faz sentido.
Estranhamente, o vazio trás conforto.

O dia começa a tornar outro rumo.

Wednesday, September 27, 2006

Verso Terceiro

E quando coração pesa mais que a cabeça?
E qando num mar de rostos os olhos se prendem apenas com o que não está presente, quando os ouvidos aclamam a voz que não se ouve e o seu adocicado se confunde entre o palato e o ouvido?

E quando o tempo não é solução, e a resposta não existe?

Quando? - é a pergunta, julgo. Pergunta essa que não sei se quero ver respondida.

No meio disto, o que é o tempo?

Tuesday, September 26, 2006

Verso Segundo

Negro.

O silêncio apenas é quebrado por um exótico ritmo que ecoa gentilmente nos meus ouvidos. Nitin Sawhney.
Abro os olhos, e vejo o que me rodeia. Apenas a companheira do costume: a Solidão. Sinto que - de mãos dadas - conquistaremos um mundo de nenhures, pois talvez essa seja a companhia de uma vida: a única que aparece.
Não pelo prazer de estar só, mas pelo requinte de estar apenas com quem completa O Vazio, e não ter ousadia de conviver com Outros.

Certo e sabido que cada alma completa uma pequena fracção deste quasi-infinito círculo que chamamos de vida (que uma vez completo, é uma incógnita, mas isso é outro assunto). Mas quantas vezes estamos receptivos a tal?
Não tantas quantas seria ideal.

Gela o coração imerso neste vácuo, onde apenas cresce a mágoa de não ver o mundo girar.
Quero o que não existe, mas nada peço. Também nada se dá, nada se mostra.
A música continua companheira. A máquina fotográfica continua o meu mais fiel olho.

Não sei se ela gosta do meu mundo.
Eu não.


(c) Afonso Duarte - Setembro 2006 - Reprodução proíbida sem o consentimento do autor

Verso primeiro

Saudemo-nos.

Aqui nascerão desabafos, com mais ou menos sentido.
Gritos de uma alma entorpecida, e jamais ouvida.


Até..